O projeto SUDOANG contribuirá para a recuperação da enguia europeia e do seu habitat na área SUDOE, proporcionando métodos conjuntos de ação
No passado mês de fevereiro a União Europeia aprovava a colocação em funcionamento do projeto SUDOANG, coordenado e liderado por AZTI e cofinanciado pelo Programa Interreg Sudoe do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional, XXX. Esta iniciativa tem como principal objetivo proporcionar aos gestores da área SUDOE (França, Portugal e Espanha) ferramentas e métodos concertados para poder realizar uma avaliação, gestão e seguimento eficazes da enguia europeia e seu habitat, reforçando a cooperação entre os três países. Até agora cada Estado Membro estabelecia de forma independente a sua ação, utilizando diferentes indicadores e metodologias. Este projeto promoverá, pela primeira vez, a gestão concertada e sustentável em três Estados Membros nas áreas da recuperação da população da enguia europeia.
A gestão da enguia europeia viu-se obstaculizada por diversos fatores, entre eles, a falta de diálogo, de coordenação e de estratégias conjuntas dos atores envolvidos na sua conservação, assim como a falta de conhecimento sobre a espécie e a disparidade nas metodologias utilizadas na estimativa dos indicadores para sua avaliação.
Atualmente, estes indicadores são obtidos utilizando-se diferentes metodologias dependendo do país e inclusive da região e, em muitos casos, baseiam-se em extrapolações de valores de outras regiões. Além disso, ainda que o conjunto das enguias de Espanha, França e Portugal constituam uma só população (a enguia europeia), são manipuladas como se fossem populações isoladas, a nível nacional e inclusive regional.
A população de enguia europeia está em perigo crítico (IUCN) e fora dos limites biológicos seguros (ICES, 1998). Esta espécie decresceu tanto que atualmente só chega às nossas costas 8,7 % do meixão que o fazia antes de 1980. A sua sobrevivência está ameaçada pela mudança climática, as barreiras à migração (na península ibérica a enguia perdeu 80 % do seu habitat), a contaminação, a exploração insustentável e o tráfego ilegal do meixão.
Em 2007 a Comunidade Europeia estabeleceu um regulamento (CE 1100 / 2007) para garantir que todos os Estados Membros desenvolvessem planos de gestão da enguia. Contudo, a população não mostrou sinais de recuperação. O declive da enguia europeia tem um impacto muito específico na área SUDOE: pelo seu papel na cadeia trófica (o seu desaparecimento teria efeitos negativos nos ecossistemas em que habita) e porque o emprego e os modos de vida ligados à sua pesca estão em risco.
Objetivos do projeto SUDOANG
- Dotar os gestores da área SUDOE de ferramentas conjuntas de avaliação e gestão que reforcem a sua capacidade para tomar decisões baseadas numa maior evidência científica e de uma forma mais concertada. Para atingir isto, será criada uma Aplicação Web Interativa fácil de usar que albergará várias ferramentas que permitirão aos gestores da enguia estudar os indicadores do stock da enguia e os diferentes cenários de gestão possíveis.
- Conceber uma estratégia que permita que os parâmetros chave para o seguimento da enguia na área SUDOE sejam recolhidos de forma coordenada e harmonizada. Para isso, será criada uma rede de seguimento da enguia na área sudoe. Será feita uma amostragem em 10 bacias piloto Mediterrâneas e Atlânticas da área SUDOE representativas dos diferentes ecossistemas presentes na zona (Nivelle, Oria, Nalón, Ulla, Minho, Mondego, Guadalquivir, Guadiaro, Ter e Bages-Sigean).
- Explorar novas abordagens de gestão que darão como resultado uma Plataforma de Governo para uma gestão da enguia concertada e efetiva que não é possível com a abordagem tradicional.
- Reforçar a cooperação dos agentes envolvidos na governança da enguia e seu habitat na área SUDOE. É necessário melhorar o diálogo, a cooperação e a capitalização de conhecimentos e experiências com o objetivo de impulsionar a conservação da enguia e seus habitats, compatibilizando-o com uma exploração a longo prazo da espécie que garanta a manutenção do emprego e modos de vida e culturas relacionadas com a sua pesca e que sirva também para coordenar o trabalho das diferentes polícias envolvidas, o que ajudará a combater o tráfego ilegal.
O projeto SUDOANG, coordenado e liderado pela AZTI, é cofinanciado pelo Programa Interreg Sudoe do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional. Conta com um orçamento de 1,6 milhões de euros dos quais o Programa Interreg Sudoe do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional financia 75 %. (1,2 M). Para levar a cabo o projecto, foi construída uma parceria que inclui toda a cadeia de valor relacionada com a gestão da enguia na área do SUDOE: dez centros de investigação e 27 parceiros associados, incluindo gestores locais, regionais e nacionais, ONG e associações. de pescadores.